terça-feira, 28 de junho de 2011

Lastimáveis equívocos


Já a algum tempo tenho meditado sobre um assunto um tanto delicado. O que vou expor aqui é uma concepção pessoal, não detentora da verdade absoluta e carente de auxílio e conciliação com outras posições, caso você se disponha a compartilhar o que pensa após ler.
No decorrer da história da igreja se tem restringido a vocação, o chamado e o serviço cristão, aos que são “pagos” por uma igreja local, isto é os que de “tempo integral” atuam numa igreja e ou numa em organização cristã. Se tornou uma profissão. Claro que é necessário que haja recursos financeiros para que se dê a  própria manutenção da vida e da família. Esse não é ponto a ser discutido.
Como seres humanos com uma natureza caída, um coração enganoso e um ego que nos ‘protege’ e ainda sim nos faz parecer ‘certos’ aos nossos olhos, tendemos ao erro.
Tenho o desejo por missões no meu coração. Estar fixa numa congregação local não é o que move meu coração em relação aos planos para uma vida em Deus. Mesmo que uma ‘base’, um ‘porto’ local de interseção e submissão sejam sempre indispensáveis.
A questão é que fui pega em uma concepção equivocada, uma motivação distorcida que me levava a almejar missões. Na vida missionária eu não precisaria ‘adquirir bens’ e neles me firmar, como casa, carro, etc.; os missionários geralmente abrem mão de tudo e não possuem residência fixa, muito menos domicílio (residência, juridicamente, diz do local de habitação, e, domicílio diz de propriedade, de ser ‘dono da casa’). Numa visão capitalista, é um alívio. Indo a outra nação, deixa-se para trás o contexto. ‘Não dá pra ser pai de multidões em Ur’. Geralmente, o local onde nascemos e crescemos representa descrédito, porque quem nos conhece realmente, sabe ‘a meleca que somos’ e não nos incentiva ou acredita muito em nós. (Ainda bem que DEUS é quem faz e não se limita ao que somos ou podemos).  
É verdadeiramente confortante para nós pregar o evangelho a pessoas que não nos conhece nem se levantam nos lembrando todo o histórico da nossa vida sem Deus. É mais cômodo pregar para quem não possui um certo juízo de valor para nós. Nossa casa é um terreno árduo quanto a conquista porque nos conhece e nos ‘vigia’ em todo o tempo, nos mostrando quem somos ‘sem a couraça de cristão transformado’. Quiséramos nós atravessar as 24hs de todos os dias sem tropeçar na nossa velha natureza! Mesmo que bem pouco e em níveis pequenos, acabamos por tropeçar, e isso nos é apontado como ‘falha’ por quem nos cerca.
Um pouco mais fundo, uma vida onde Deus é o principal e Sua obra a prioridade máxima, encontramos a ‘brecha’ para justificar certos lapsos pessoais. Se dedicar ao Serviço do Senhor nos concede a idéia de que não podemos ser questionados, uma vez que estamos agradando a Deus e sendo legítimos em nossa atuação. Toda exortação quanto à nossa vida pessoal e agir tende a ser vista, ou recebidas por nós, como ‘ataques malignos’, ‘retaliações’ e coisas do tipo. Nos enchemos de nós mesmos nos tendo como servos bons e fiéis que se esforçam e caminham certo mesmo que ninguém nos entenda. Essa é uma realidade. Mas confundimos os que são sábios da mesma forma que confundimos a nós mesmos. Toda pronta auto justificação é trapo de imundícia para Deus.
Não estou depondo contra missões ou serviço integral a Deus. Minha intenção é pontuar e atentar para uma distorção sorrateira que surge e nos laça. Somos exímios na auto-proteção. Dizer que somos servos e que só Deus importa é um escudo contra toda e qualquer eventual ‘reclamação’. Se uma pessoa reclama, é porque ‘ela não está em Deus’. O plano de Deus é restaurar TODAS as áreas da nossa vida. Se abrimos mão de coisas e deixamos áreas em segundo plano, não significa que não tenhamos responsabilidades com elas diante do Pai, e que haja posterior prestação de contas. 
Um dos pontos que quero abordar é a renúncia daquilo que nos convém, mas que expomos como algo que 'custa' diante de Deus. É muito fácil renunciar àquilo que não estamos dispostos a lidar ou resolver. Abrimos mão porque o processo de tratamento revelaria parte da nossa podridão. É muito cômodo relegar a segundo plano o que nos custa e requer posicionamento de mudança e transformação. O modelar de Deus dói, e espiritualisamos demais nossa fuga desse modelar. Sou contra o discurso; "Deus me colocou exatamente onde eu não queria estar"; Deus não é masoquista e tem planos de paz a nosso respeito. A nossa alegria está onde está o nosso propósito e chamado. Há completude no nosso espírito quando estamos alinhados com a vontade de Deus. (se não ficou claro, explico depois).
É um assunto complexo e delicado. Talvez eu volte a escrever com mais clareza (após ministração de maior entendimento da parte do Espírito), mas é algo que tem me incomodado nesses dias.

A obra de deus não nos ‘livra’ das responsabilidades em sociedade.
Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13: 6-8
Não nos remete a uma única espécie de atividade
E eis que aí tens as turmas dos sacerdotes e dos levitas para todo o ministério da casa de Deus; estão também contigo, para toda a obra, voluntários com sabedoria de toda a espécie para todo o ministério; como também todos os príncipes, e todo o povo, para todos os teus mandados. 1 Crônicas 28:21
Antes de governar na igreja, o homem tem que governar em sua própria casa:
“É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher… e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus?)” 1 Timóteo 3.2a,4-5

Ministério

Achei interessante e quis postar.

As dez declarações sobre o ministério:
01. O fundamento do ministério é o caráter.
02. A natureza do ministério é o serviço.
03. O motivo do ministério é o amor.
04. A medida do ministério é o sacrifício.
05. A autoridade do ministério é a submissão.
06. O propósito do ministério é a glória de Deus.
07. As ferramentas do ministério são a Palavra de Deus e a Oração.
08. O privilégio do ministério é o crescimento.
09. O poder do ministério é o Espírito Santo.
10. O modelo do ministério é Jesus Cristo.

[Warren e David Wiersbe, “Making sense of the ministry” (Captando o sentido do ministério)].

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Papai



Meu pai nunca me viu por causa de um glaucoma que tirou sua visão. Mas ainda não encontrei olhos tão atentos quando alguém sabe que estou por perto, chamo ou vou chegar. Olhos que brilham todo orgulhosos quando alguém me faz um elogio e que brilham mais ainda quando ele mesmo o faz. Saio de casa nas segunda com um abraço, um beijo e um ‘Deus te proteja e te traga de volta’, e na sexta sou recebida com outro abraço, bem mais alegre e um ‘graças a Deus’.
Ele sempre esteve nas minhas peças da escola e eu o via mover a cabeça na direção em que vinha o som da minha voz, e sorrir. Sempre se deitava na minha cama e contava as mesmas histórias até que eu adormecesse; 'o caso da onça'.
Alguém que sempre me chamou de ‘querida’ e que nos últimos anos tem me chamado de ‘amor’. Tão bom ligar pra casa quando ele atende. Tão preocupado com o que se passa, com o que preciso, como estou, se já jantei ou comi a ‘banana do dia’ pra manter minha saúde.
Um cuidado que sufoca às vezes, confesso. O tempo todo atrás de mim querendo sair pra comprar o que eu quiser comer, porque ele se preocupa com meu pouco peso. Ninguém é tão próximo a mim na minha casa. Nós dois nos entendemos, temos nossos segredos. Não que ele despreze minha irmã, mas um dos ‘segredos’ que ele me diz é que sou o que ele tem de mais valor.
Esses dias eu estive triste, chorando no meu quarto. Quando minha mãe contou pra ele, ele foi até lá perguntar o que ‘estava me chateando’. Respeitou meu silêncio e não ficou insistindo por uma resposta. Quando, mais tarde, ouviu a porta do meu quarto abrir, abaixou o rádio e me chamou. Me propôs um ‘passeio’ pra que eu me sentisse melhor; me ofereceu sorvete. Meu pai não toma sorvete. Não sabia como agir na situação e ofereceu o que achou ser melhor, sua companhia. Ele apenas queria ver a garotinha dele feliz...
Nem a soma de tudo o que eu poderia vir a fazer, poderia servir pra agradecer a Deus por ter escolhido tão bem o meu pai!
" Você não sabe mas a primeira vez que vi meu Deus, foi em seus olhos, quando eu precisei e você esteve ali."